“A ideia de que outro homem está a proporcionar prazer à minha esposa excita-me”

O cuckolding é um dos fetiches que mais tem crescido nos últimos anos. A Kinks falou com vários casais, que explicam o que os leva a assumir esta abordagem nas suas relações.

Os estudos indicam que, pelo menos, metade dos homens já fantasiou, em algum momento, com a ideia de ver a sua parceira ter sexo com outro homem. O mesmo acontece com cerca de um terço das mulheres. Que não restem dúvidas: o cuckolding é um fetiche que chegou para ficar. A sua popularidade tem crescido imenso nos últimos anos, com cada vez mais casais a assumirem abertamente um estilo de vida cuck.

Esta é uma prática que não só desafia os papéis tradicionais dentro das relações, como também oferece uma nova forma de prazer, onde a excitação vem da submissão, da vulnerabilidade ou até do ciúme. Para muitos, o cuckolding representa o confronto do poder e controlo numa forma bastante íntima, permitindo que o homem tenha prazer ao ver a sua companheira a ser possuída por outro.

Para compreender melhor este fenómeno, a Kinks falou com alguns casais para quem o cuckolding assumiu uma posição dominante na sua vida sexual. Os nomes foram alterados a pedido dos próprios, uma vez que, dizem, “ser cuckold ainda não é algo que seja totalmente bem aceite, mesmo no meio liberal”. É o caso de Ana e Miguel. O casal, de 38 e 42 anos, respetivamente, partilha com a Kinks que tudo começou com conversas sobre o tema durante o sexo.

“O Miguel sempre fantasiou com a ideia, mas foi uma conversa que começou lentamente entre nós. Primeiro, em fantasias durante o sexo, depois fomos explorando mais a sério a ideia de trazer outro homem para a nossa cama”, conta Ana. Para Miguel, o prazer que retira da experiência vem da mistura entre a excitação e o desafio do dilema emocional: “há algo de poderoso em ver a Ana ser desejada por outro homem”. “Claro que, às vezes, sinto ciúmes, mas é esse contraste que torna a experiência tão intensa”, explica à Kinks.

“Ele escolhe a roupa que vou usar, ajuda-me a arranjar, e gosta de estar presente quando conheço o outro homem”

Também no caso de Rita e João, o interesse começou de forma semelhante, mas com um foco maior no controlo e na preparação dos encontros. “O João adora participar na preparação dos meus encontros com os meus Bulls”, diz Rita. “Ele escolhe a roupa que vou usar, ajuda-me a arranjar, e gosta de estar presente quando conheço o outro homem”, adianta.

Rita, de 36 anos, explica que,”durante os encontros, ele [João] pode ou não estar fisicamente presente, mas sempre está emocionalmente envolvido, enviando mensagens ou fazendo perguntas sobre o que está a acontecer”. Algo que, para João, é “extremamente excitante”. “A ideia de que outro homem está a proporcionar prazer à minha esposa excita-me. Há algo de libertador em não precisar ser o único responsável por isso”, diz o homem, de 32 anos.

Madalena e António, de 45 e 48 anos, têm uma abordagem ainda mais natural ao tema. Para este casal do Porto, o cuckolding “é uma forma de intensificar a confiança entre ambos”, permitindo que Madalena explore múltiplos parceiros ao mesmo tempo. “A parte mais emocionante para mim é poder estar com vários homens de uma vez”, conta. “O António está presente na maioria das vezes, a ver e a participar – mas sempre de forma limitada –, mas o mais importante é a conexão emocional que mantemos”, assegura Madalena. “Ele sabe que é o único com quem eu tenho uma verdadeira ligação, mas permite-me explorar a minha sexualidade de uma maneira que seria impossível numa relação mais tradicional”, esclarece a mulher.

“Ele sabe que é o único com quem eu tenho uma verdadeira ligação, mas permite-me explorar a minha sexualidade de uma maneira que seria impossível numa relação mais tradicional”

Já Sofia, de 29 anos, adora a sensação de ser o centro das atenções e de explorar o papel de submissão do seu parceiro, Luís. O homem, de 31 anos, partilha com a Kinks que “a parte mais excitante do cuckolding não é apenas assistir, mas participar no processo de ‘cleanup’, onde o marido limpa ou lambe a sua parceira após o encontro com outro homem”.

À Kinks, Luís diz que o que mais o excita em ser cuckold ” é o contraste de papéis”: “Enquanto outro homem pode proporcionar prazer físico, o meu papel é reassegurar a ligação emocional que temos”, explica.

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