BBC: os grupos de homens que vão às festas de swing satisfazer as fantasias dos casais

Quase todas as semanas, é possível encontrar na agenda de eventos dos clubes de Norte a Sul do País, pelo menos, uma festa “BBC”. E sempre com enorme adesão por parte da comunidade swinger.

É uma das grandes fantasias de muitos casais e um dos termos mais pesquisados nas plataformas online de pornografia. De acordo com o Pornhub Insights, as pesquisas por “BBC” (a sigla não oficial para Big Black Cock), cresceram 30% nos últimos anos e há mais de 100 mil vídeos com esta temática, que ultrapassam os 500 milhões de visualizações em todo o mundo. Por cá, este fetiche – que se enquadra, muitas vezes, nas dinâmicas cuckold –, tem vindo também a crescer. Quase todas as semanas, é possível encontrar na agenda de eventos dos clubes de Norte a Sul do País, pelo menos, uma festa “BBC”, que contam sempre com grande adesão por parte da comunidade swinger e onde grupos de, até 15 homens, estão presentes com um só propósito: ajudar os casais a satisfazer esta fantasia.

A Kinks falou com o grande impulsionador destas festas em Portugal. Rui Eduardo explica que a ideia de as mulheres terem relações com homens negros – com ou sem a participação do parceiro – “é uma grande fantasia dos casais”. “Havia sempre uma procura enorme por esta temática. Eu ia a festas e a clubes e era praticamente o único negro. Quase não havia forma de dar resposta à procura”, confessa Rui, que começou por ser single residente num clube de Sintra antes de começar a pensar mais a sério em desenvolver o conceito.

Foi em 2016 que surgiu a oportunidade de fazer uma festa exclusivamente dedicada à temática “BBC”: “um dos clubes que eu frequentava era o Erotikus, que já fechou, e que na altura estava a tentar dinamizar as noites do espaço. Os donos pediram-me ajuda e eu sabia que a fantasia pelos homens negros era enorme e que ia sempre atrair muitos casais”, explica Rui Eduardo, que hoje, é ele próprio, proprietário de um dos clubes de swing mais famosos do Norte do País – o Éden Swing Club.

“Arriscámos e correu bem. Tivemos imensa adesão porque nunca se tinha visto nada assim em Portugal”, recorda. Para Rui, o segredo deste sucesso deve-se à previsibilidade de anunciar antecipadamente que a festa terá como temática o fetiche “BBC”, porque “uma coisa é um casal ir a um clube com a expetativa de, eventualmente, encontrar um homem negro. Outra é ir a um espaço onde já sabe que, naquela noite, vão lá estar vários homens negros, com a garantia de que cumprem um código de conduta sério, que são educados e muito respeitosos”.

“Havia sempre uma procura enorme por esta temática. Mas uma coisa é um casal ir a um clube com a expetativa de, eventualmente, encontrar um homem negro. Outra é ir a um espaço onde já sabe que, naquela noite, vão lá estar vários homens negros, com a garantia de que cumprem um código de conduta sério, que são educados e muito respeitosos”.

Em conversa com a Kinks, Rui diz que partilha o mérito do sucesso e disseminação destas festas com os restantes elementos dos BBC Lovers (assim se chamava o grupo que liderava) e com os responsáveis dos clubes de swing, que receberam bem a ideia e decidiram apostar na temática. “Na altura falei com os proprietários de vários clubes e que quiseram apostar neste conceito”, conta Rui, lembrando que “na primeira festa de um clube do Norte do País, a expetativa era ter 15 casais”. “Éramos cinco homens, a pensar nessa estimativa de 15 casais. Apareceram 77! Foi uma loucura”, revela, sublinhando que para esta primeira festa a Norte apareceram “casais de todo o lado”.

“A partir daí, o conceito de festa ‘BBC’ consolidou-se. Houve uma altura que eu tinha festas todas as sextas e sábados em praticamente todos os clubes do País”, partilha com a Kinks, revelando que já organizou centenas de festas deste género e que, para cada festa, reunia grupos que variavam entre os 5 e os 15 homens, “para uma média de 60 ou 70 casais”. Rui aponta, contudo, que houve todo um trabalho grande de antecipação que teve de fazer para garantir que corria tudo bem e que, acima de tudo, os BBC Lovers davam aos casais uma sensação de segurança e conforto.

“Para mim, era muito importante estabelecer uma imagem de marca nestas festas. De cordialidade, de respeito”, afirma. Foi esse o trabalho que fez com todos os homens que selecionou para trabalhar consigo nestas festas. “Nós somos um pouco mais atrevidos na abordagem e somos mais intensos, mas é preciso perceber o que os casais procuram e o que evitam”, adianta, sublinhando que a receita de uma festa bem-sucedida passa por um equilíbrio entre o “respeito pela mulher e o reconhecimento e valorização do homem”.

Rui diz que “formatava e preparava cada elemento dos BBC Lovers de acordo com um código muito restrito”, explicando que as regras básicas são simples: “não ter uma atitude que possa ser vista como invasiva, ser simpático, educado, aproximar e apresentar-se, tentar criar dinâmica, mas dando sempre espaço aos casais para serem eles a tomar a iniciativa”. “Por exemplo, uma das coisas que fazia questão de passar era a regra de, quando se aborda um casal, a primeira pessoa que se cumprimenta é o homem, para mostrar que valorizam e reconhecem a sua presença”.

Com a abertura do Éden Swing Club, em 2022, Rui afastou-se das festas “BBC”, até porque, confessa “não queria que o clube ficasse demasiado vinculado a este conceito”, embora organize todos os meses festas com esta temática no seu clube (a próxima será no sábado, 28 de setembro). Mas o trabalho dos BBC Lovers fez escola e deixou vários discípulos, que se dedicam também eles a participar em festas “BBC”.

A receita de uma festa bem-sucedida passa por um equilíbrio entre o respeito pela mulher e o reconhecimento e valorização do homem. Cada elemento ‘BBC’ segue um código muito restrito: não ter uma atitude que possa ser vista como invasiva, ser simpático, educado, aproximar e apresentar-se, tentar criar dinâmica, mas dando sempre espaço aos casais para serem eles a tomar a iniciativa

É o caso dos “Black Religion BBC”, um grupo composto por cinco elementos – a sua maioria anteriores membros do BBC Lovers, e com ligação ao BAD, o mais notável clube da Margem Sul. “Havia essa procura e queríamos voltar a fazer festas em Lisboa”, revela à Kinks um dos elementos deste grupo, que tem como principal imagem de marca um posicionamento “sempre animado e respeitador com todos os casais e mulheres”. “É isso que faz com que as pessoas nos valorizem”, explica.

Tal como aconteceu com Rui, as festas que contam com os “Black Religion BBC” são uma garantia de sucesso. “A receção ao nosso o grupo é sempre muito boa. Normalmente, quem vai, já conhece as nossas festas, por isso, somos sempre muito bem recebidos”, explica este elemento, sublinhando que “a educação, o respeito e o cuidado de não ser invasivo junto dos casais” são regras de ouro do grupo que todos os seus integrantes seguem escrupulosamente. “Isso permite que haja sempre interações com grande satisfação para todos”, revela.

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