Confissões de unicórnios: singles femininas revelam o que esperam dos casais que procuram uma mulher para trios
Três singles femininas partilham com a Kinks as suas experiências e deixam conselhos para os casais – e recados para os homens. Do respeito pelos limites à comunicação eficaz, ajudam-nos a perceber qual é forma adequada de abordar um unicórnio e os erros que mais frequentemente são cometidos.
Um trio que envolva duas mulheres é uma fantasia tão frequente entre homens e casais que, só o facto de se falar nisso, já representa um cliché. No entanto, os chavões existem porque são repetidos até à exaustão e é isso mesmo que acontece com os trios FFM no mundo liberal. Há mesmo casais que entram para o meio com o objetivo de encontrar uma mulher single que queira estar com um casal. O problema é que as mulheres singles que estão disponíveis para trios não se encontram em todo o lado – daí serem conhecidas como “unicórnios”.
À semelhança do que acontece no mundo corporativo – onde se classifica como unicórnio uma empresa que vale mais de mil milhões de euros, mas que não está cotada em bolsa – no mundo liberal os unicórnios não são meras figuras míticas. Existem mesmo. E muitas vezes até estão bem perto dos casais, mas acabam por se proteger e não mostrar disponibilidade. A culpa, dizem-nos, é dos casais – muitas vezes dos homens, especificamente – e da forma como as abordam, como as tratam e das ideias preconcebidas que têm sobre o que é trazer para uma interação sexual mais uma mulher.
A Kinks falou com algumas destas mulheres singles que podem encaixar-se na definição de unicórnio e que nos apontam os erros mais comuns que os casais cometem, levando a que se afastem rapidamente.
Uma destas mulheres é Laura. Tem 32 anos e é divorciada. À Kinks conta que quando estava casada tinha uma vida muito ativa na comunidade swinger e que é uma amante do Lifestyle. Por isso, diz que lhe pareceu “natural continuar ligada ao meio, mesmo estando sozinha”. Criou uma conta no SWPT, a maior plataforma nacional de swingers e é lá que tem conhecido muitos casais que procuram uma primeira experiência com um unicórnio.
“É importante que o casal me trate como uma pessoa e não apenas como uma ‘fantasia’ ou um objeto. Não gosto quando me fazem sentir que sou um mero objeto de desejo, sem qualquer outro interesse além do sexo”
Laura explica que, na sua opinião, a chave de uma boa experiência está na abordagem inicial. “É importante que o casal me trate como uma pessoa e não apenas como uma ‘fantasia'”, afirma, lamentando que muitos casais a façam sentir-se “como um mero objeto de desejo, sem qualquer outro interesse além do sexo”. “Isso faz com que perca logo o interesse”, afirma.
Outro dos entraves a um bom relacionamento com os casais acontece “quando se percebe que há um dos elementos do casal, normalmente o homem, que tem muito mais interesse nesta fantasia do que a mulher”. “Pior: é sentir isso e sentir que ela [a mulher do casal] está desconfortável com a situação. Já fui abordada por casais onde era óbvio que um deles estava a forçar a situação, e isso para mim é um sinal de alerta. Se o casal não está em sintonia, eu prefiro sair antes que algo corra mal.”
“É um erro tremendo quando só o elemento masculino tem interesse e quer levar a sua fantasia avante, sem pensar nas mulheres que estão ao seu lado”, confirma outra mulher à Kinks, destacando que, muitas vezes, os casais não pensam naquilo que as singles femininas procuram ou valorizam. “A ideia mais errada que há sobre as singles é que não procuram estar com o casal e que o que valorizam mesmo é estar com o homem do casal. Nada mais longe da realidade”, confessa à Kinks a unicórnio que, no Instagram, é conhecida somente como Sexy Erotic. “Se eu quisesse estar só com um homem, mantinha-me nos encontros com homens. Para mim, o importante é mesmo a experiência com os dois, até com um foco especial na mulher”, revela.
“As situações que mais me irritam são quando estamos com um casal e depois percebemos que ela não quer interagir. Acho que as pessoas precisam de falar, de se resolver. Há demasiados homens – é a minha visão – que querem à força estar no meio. E levam as mulheres atrás”, desabafa Sexy Erotic, sublinhando que “as mulheres seguem os parceiros porque lhes querem agradar, só que não querem nada estar ali. E isso, para mim, é logo um corte brutal”.
Como já vimos, a abordagem, como referem estas mulheres, é o que define tudo o que pode – ou não – acontecer a três. “O respeito, o saber estar, o saber falar, trocar ideias sobre vários assuntos que vão além da interação sexual é essencial”, explica Sexy Erotic à Kinks. “Um casal que se apresenta com uma energia tranquila, que está genuinamente interessado em saber o que eu quero ou não quero, vai ter muito mais sucesso em criar um ambiente positivo para todos”, reforça Laura.
Outro ponto que os unicórnios sublinham à Kinks como sendo importante para as conquistar é o facto de o casal não olhar para a interação com uma single feminina como um speed date, “alguém que conhecem num clube, com quem estão e depois não precisam de dar mais atenção”. “Prefiro uma saída, um almoço, um jantar ou até mesmo uma simples ida a um café para manter a conversa em dia, conhecer, tirar as dúvidas”, revela Sexy Erotic. “Nada de pressas. Cada momento é para ser vivido nas calmas, de forma tranquilo. Se for tudo à pressa nada flui, nada acrescenta. E isso não me interessa”.
Já no que diz respeito aos limites, há um fator que é essencial. Nunca, em momento, algum, estas singles querem receber propostas para “aventuras” a dois com um dos elementos do casal. “Depois de conhecer um casal e de estarmos juntos, muitos maridos contactam-me e perguntam se quero sair com eles, a sós. Isso para mim é impensável”, afirma Laura, salientando que não quer “saber se eles dizem que as mulheres estão à vontade com essa situação”. “Detesto quando os maridos pensam que podem brincar comigo sem as suas mulheres estarem presentes”, explica à Kinks.
“Depois de conhecer um casal e de estarmos juntos, muitos maridos contactam-me e perguntam se quero sair com eles, a sós. Isso para mim é impensável. Não quero saber se eles dizem que as mulheres estão à vontade com essa situação. Detesto quando os maridos pensam que podem brincar comigo sem as suas mulheres estarem presentes”
“Se eu quiser um homem sozinho, vou procurar um solteiro e não um homem casado porque não estou interessada em destruir uma família. Se a vossa mulher não se importa que eu esteja com os dois, então porque é que os maridos tentam sempre engatar-me sozinhos?”, questiona Laura, referindo que “como unicórnio – se quisermos pôr as coisas nesses termos – eu não estou apenas interessada em sexo com um homem, quero mesmo estar com um casal”.
Igualmente importante para estas mulheres, explicam à Kinks, é a questão do comprometimento com o que se combina entre os três. E não só no que diz respeito ao sexo. “Fui combinar uma saída com um casal (jantar e saída para um clube) e eles, duas noites antes, arranjaram uma desculpa para cancelar”, conta à Kinks uma outra single feminina, conhecida no meio como Single Miss Scorpio.
A mulher recorda que esta “teria sido a primeira vez que sairia com um casal nestes termos (até à data só foram speed dates em clubes)”. “Se há singles M/F que desmarcam e que iludem, e depois não aparecem, também há casais que o fazem, não são só os singles”, lamenta, sublinhando que, apesar de tudo, “a vida segue e está tudo bem. No final, quem perdeu foram eles”.