Cuckolding: o fetiche que põe à prova a união de qualquer casal (e tem cada vez mais fãs)

Para muitos, a ideia de compartilhar a sua parceira pode parecer contrária aos instintos de posse e exclusividade sexual, mas é precisamente essa transgressão de normas que torna a prática tão excitante.

O que têm em comum Will Smith, Eddie Vedder, Nicolas Sarkozy e Larry King? Todos eles são, ou foram, cuckolds. Ou seja, em algum momento das suas relações, permitiram que as suas parceiras tivessem relações sexuais com outros homens. O cuckolding é um fetiche que tem vindo a ganhar cada vez mais destaque e, em certos círculos, normalizado, mas não deixa de ser um teste à força e durabilidade de qualquer relação.

Vamos por partes. Por definição, o cuckolding é uma prática consensual, em que um parceiro, normalmente o homem – conhecido como cuck, cuckold ou corno – retira prazer sexual ao assistir ou saber que a sua parceira está a ter relações sexuais com outra pessoa. Este terceiro participante, geralmente um homem, é muitas vezes referido como o “bull” (touro, numa tradução livre). Embora o termo tenha uma conotação histórica negativa, associada à infidelidade, atualmente o cuckolding é uma fantasia compartilhada entre parceiros que encontram satisfação em explorar este tipo de dinâmica de poder e submissão.

E os números dizem que este é um fetiche que tem cada vez mais praticantes: um estudo publicado em 2018, no Journal of Sexual Medicine, revelou que cerca de 58% dos homens heterossexuais entrevistados tinham fantasias sobre cuckolding. Claro que entre fantasiar e praticar vai uma longa distância, e o número de praticantes será menor, mas os sites pornográficos como o Pornhub indicam que há cada vez mais procuras relacionadas com o tema.

A premissa do cuckolding baseia-se em vários elementos psicológicos e emocionais. Para muitos, a ideia de compartilhar a sua parceira pode parecer contrária aos instintos de posse e exclusividade sexual, mas é precisamente essa transgressão de normas que torna a prática tão excitante. Para alguns, o cuckolding é a oportunidade de ver a sua parceira sexualmente satisfeita de uma maneira que eles próprios não poderiam proporcionar. Para outros, o que conta é o poder de subversão, onde o que normalmente seria visto como algo negativo – neste caso a infidelidade – é transformado num ato de cumplicidade e prazer mútuo.

Por definição, o cuckolding é uma prática consensual, em que um parceiro, normalmente o homem – conhecido como cuck, cuckold ou corno – retira prazer sexual ao assistir ou saber que a sua parceira está a ter relações sexuais com outra pessoa.

Portugal não é exceção à regra no que diz respeito a este fetiche e, apesar de não haver números concretos, a verdade é que a comunidade cuckold tem vindo a crescer significativamente em fóruns e sites de encontros liberais, como é o caso do Cuckold Portugal e do SWPT. Nestas plataformas, é possível os praticantes e curiosos partilharem experiências, tirarem dúvidas e, claro, encontrarem “bulls” para concretizar as suas fantasias.

Apesar de poder parecer semelhante ao swing, é importante referir que o cuckold não tem nada que ver com swing. Na verdade, está muito mais próximo do BDSM – mas com menos acessórios.

No swing, a troca de parceiros é geralmente mútua, com ambos os parceiros a envolver-se sexualmente com outras pessoas. Já no cuckolding, o ênfase reside especialmente numa dinâmica assente na desigualdade, onde apenas um dos parceiros participa no ato sexual com outra pessoa, enquanto o outro assiste ou simplesmente sabe do que está a acontecer. Mais uma vez, o cuckolding tem muito mais que ver com dinâmicas de poder e emocionais (como humilhação e submissão) do que com o sexo propriamente dito. Algo que é o completo oposto do swing.

Os casais que desejem iniciar-se na exploração do cuckolding devem, sobretudo, falar muito sobre o tema antes de dar qualquer passo. É importante que ambos transmitam ao outro abertamente os seus desejos, fantasias, limites e expectativas. Isto pode passar por definir, logo à partida algumas das regras que o casal vai criar para a prática deste fetiche.

No swing, a troca de parceiros é geralmente mútua, com ambos os parceiros a envolver-se sexualmente com outras pessoas. Já no cuckolding, o ênfase reside especialmente numa dinâmica assente na desigualdade, onde apenas um dos parceiros participa no ato sexual com outra pessoa, enquanto o outro assiste ou simplesmente sabe do que está a acontecer.

É importante que ambos estejam de acordo quanto à forma de escolher o “bull” – incluindo critérios como personalidade, aparência, etc. – assim como o que está permitido ou não fazer. Devem também definir se o parceiro estará ou não presente nas sessões de cuckolding e, caso esteja, qual deve ser o seu papel (se ajuda, se a determinada altura participa ou se fica simplesmente a assistir).

Igualmente importante é o constante reforço do consentimento. Se, em qualquer momento, um dos parceiros se sentir desconfortável, deve haver um acordo de que tudo pode parar imediatamente. O consentimento não é estático e pode mudar ao longo da experiência.

Um fator que os casais devem considerar antes de embarcar numa aventura como o cuckolding é a ajuda de um terapeuta sexual. Este é um fetiche que é conhecido por ser muito desafiante do ponto de vista psicológico, pelo que é importante que ambos estejam equipados com as ferramentas necessárias para lidar com todas essas emoções. Aqui, um profissional, poderá ser uma ajuda preciosa.

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