Diana, a melancia que está a mudar a forma como funciona a indústria do sexo em Portugal
Tornou-se famosa ainda antes dos 20 anos, mas, contra todas as expetativas, fintou a trajetória normal de quem trabalha na indústria pornográfica. Hoje tem quase meio milhão de pessoas que a seguem diariamente.
É a mulher mascarada mais famosa de Portugal e, ao mesmo tempo, o principal rosto de uma mudança de paradigma na indústria do sexo e dos conteúdos para adultos, em que que o poder passou a estar na mão de quem aparece à frente da câmara e não o contrário, como aconteceu ao longo de várias décadas. Aos 30 anos, Diana Cu de Melancia é muito mais do que uma atriz: é uma criadora de conteúdos, uma empresária e acima de tudo, detentora de uma marca reconhecida por grande parte da população portuguesa.
Foi há exatamente 10 anos que Diana se tornou, oficialmente, uma estrela. Em 2014, com apenas 20 anos, recebeu o prémio de atriz revelação do Pornhub, a maior plataforma de pornografia do mundo. E tudo começou dois anos antes, com um vídeo colocado online naquele site pelo seu primeiro namorado. O vídeo – tal como os que se seguiram – viralizou e valeu à jovem uma reputação quase imediata de performer de excelência, com uma autêntica legião de fãs. Também lhe deu um novo apelido artístico: Cu de Melancia.
“Era tudo novo para mim, nunca foi algo que pensasse fazer, mas aconteceu”, confessa à Kinks, recordando o impacto que o seu súbito sucesso causou. “Quando me lancei foi um choque para muita gente, uma menina de 18 anos a fazer porno”, lembra, destacando que o facto de aparecer de máscara também representou um corte com o que era habitual.
Ao sucesso amador no site Pornhub, a jovem juntou ao seu currículo mais de uma dezena de filmes com a Hot Gold. Cada um destes trabalhos foi um verdadeiro blockbuster para a produtora nacional, permitindo transformar Diana Cu de Melancia numa atriz reconhecida pela maioria dos portugueses.
“Já repararam que já não se ouve falar tanto em produtoras e atrizes porno? Agora o nome é ‘criadoras de conteúdo adulto’”.
Se tivesse seguido o percurso dito tradicional das estrelas pornográficas, há muito que a sua carreira teria terminado: segundo um estudo divulgado em 2012 pelo Journal of Sex Research, indicava que o percurso das mulheres na indústria pornográfica durava apenas entre três e cinco anos. Diana não só contrariou isso, como provou que é possível ter mais sucesso quando se toma as rédeas da sua própria carreira. “Fui a primeira a ter OnlyFans cá e criar este tipo de conteúdos digitais”, diz à Kinks, com o orgulho de quem esteve na linha da frente da mudança de todo um mercado.
A verdade é que, ao longo da última década, Diana foi-se tornando cada vez mais independente e deixou totalmente de lado o rótulo de atriz porno para se assumir como criadora de conteúdos para adultos. A ousadia foi recompensada e o seu nome é hoje sinónimo de sucesso e de admiração para muitas outras mulheres. Prova disso mesmo são os números que a sua presença no mundo digital tem.
Atualmente, conta com mais de 250 mil seguidores no Instagram, quase 80 mil seguidores no X, 66 mil seguidores no TikTok, 40 mil seguidores no seu canal de Telegram, milhares de subscritores no Fansly. A tudo isto somam-se quase 60 mil seguidores no Pornhub e mais de 28 milhões de visualizações dos seus vídeos naquele site. Contas feitas, estamos quase meio milhão de pessoas, que todos os dias acompanha o que Diana publica nas suas redes sociais.
Sem desvalorizar o esforço que representa ser responsável pelos seus próprios conteúdos, diz que sente que, hoje, “é tudo mais fácil”. “As pessoas estão com uma mentalidade mais aberta, para se exporem e venderem os seus conteúdos para adultos”, sublinha, frisando que “as plataformas como o Pornhub, o Onlyfans, o Fansly, o Privacy e outras vieram facilitar tudo”. E sublinha aquele que é uma das mudanças mais notáveis na indústria do sexo: “já repararam que já não se ouve falar tanto em produtoras e atrizes porno? Agora o nome é ‘criadoras de conteúdo adulto’”.
Atualmente, conta com mais de 250 mil seguidores no Instagram, quase 80 mil seguidores no X, 66 mil seguidores no TikTok, 40 mil seguidores no seu canal de Telegram e milhares de subscritores no Fansly. A tudo isto somam-se quase 60 mil seguidores no Pornhub e mais de 28 milhões de visualizações dos seus vídeos naquele site.
Segundo explica Diana à Kinks, a explicação para o boom de criadoras de conteúdos para adultos é simples. “Ganha-se mais nessas plataformas e não é preciso ter uma exposição tão grande”, afirma, sublinhando que, atualmente, “ter uma conta nessas plataformas já é normal”.
Mas nem tudo é simples: “nós, criadoras precisamos de ter todo um setup preparado para gravar. Estamos a falar de material de filmagem, luzes, microfones, programas de edição… É um grande investimento, só em material que depois tem de ter algum retorno”. Diana destaca ainda que, como criadora de conteúdos, há ainda o trabalho de marketing e distribuição dos conteúdos que antes pertencia às produtoras e agora está dependente de cada criadora. “Tenho pessoas que me ajudam e tratam das edições e da divulgação”, revela à Kinks, mas diz que, ainda assim, trabalha sempre “oito ou mais horas por dia”. Sem folgas.
Outro desafio que a nova forma de criar conteúdos trouxe a Diana foi o aparecimento de muitas outras criadoras. Algo que, garante, não a preocupa, embora defenda que deve haver alguma cortesia entre colegas criadoras. “Sejam amigas, não falem mal de outras criadoras”, pede.
No seu dia a dia, são várias as pessoas que a abordam, ora a pedir ajuda para começar a publicar conteúdos nas plataformas onde Diana está presente. Os seus conselhos são simples: “para ter sucesso é preciso ser verdadeira, amiga, estar disposta a ajudar o próximo”, esclarece, lembrando que é ainda preciso “estar presente, ter carisma, ser simpática, trabalhadora e capacidade de inovar”.
Quem também aborda frequentemente a criadora de conteúdos para adultos são pessoas que querem participar em filmes pornográficos. “Recebo muitos emails de casais que querem gravar e ganhar dinheiro com isso”, admite. “O principal desafio é expor-se, mesmo que seja de máscara, há sempre aquele receio… Mas depois passa. A primeira dói sempre.”, brinca.
Apesar de o sucesso lhe ter trazido alguns sacrifícios – como a impossibilidade de “ir a praias públicas” – Diana diz que não tem do que se queixar. “Gosto do que faço, foi para isso que me licenciei. Tenho o meu trabalho, pago os meus impostos e vivo a vida”, afirma, destacando que, se a Diana de 2024 se cruzasse com a sua versão de 2014 lhe diria: “continua, estás no bom caminho!”.
Contudo, confessa à Kinks, chegará o dia em que vai parar. “Não irei fazer isto para sempre. Agora é aproveitar enquanto sou nova, mas já ando a investir também noutros negócios de que gosto”, revela.
Entre estes negócios está a Luxury Fans Events, uma empresa especializada na organização de eventos privados exclusivos para adultos e que terá a primeira grande festa no próximo dia 15 de setembro, num local ainda não identificado na Margem Sul. Carregue aqui para ler o artigo da Kinks sobre este evento.