“Gosto muito de me exibir e de sentir que estou a ser observada por estranhos”
Há quase uma década que passa, de propósito, em estações de serviço no caminho para casa. O objetivo é simples: ser observada por estranhos. Conheça um pouco melhor as experiências, hábitos e técnicas de uma exibicionista.
Tem uma vida normal. Com 34 anos, é casada, tem dois filhos pequenos, um trabalho de escritório, reuniões e clientes para acompanhar no dia-a-dia. Mas tem um segredo: gosta de se exibir em contextos públicos ou semi-públicos. “É um guilty pleasure, uma coisa só minha, mas que me excita imenso”, revela Carla (nome fictício) à Kinks. A mulher, que vive no concelho de Matosinhos, explica que começou a explorar este fetiche “de forma mais séria” há alguns anos, embora recuse “encaixar em algum tipo de rótulo” porque, garante, não faz parte de qualquer “comunidade ou meio”.
“Acho que sempre gostei de me sentir observada. Isso acontecia mais na praia, porque sempre gostei de usar biquínis pequenos”, explica Carla, recordando que “em algum momento, perto dos 25 ou 26 anos”, esse gosto de ser observada se tornou em algo mais consciente. “Já escolhia os biquínis que sabia que iam atrair mais atenção, mais olhares. Eu fingia sempre que não me apercebia, mas tentava perceber quem estava a olhar para mim. Ficava muito excitada com isso”, revela.
À Kinks, a especialista em gestão de redes sociais, conta que, “com o passar dos anos, esta vontade de ser observada foi sendo cada vez mais constante”. “Já não era uma questão de ser vista casualmente. Chegou uma altura em que me tornei verdadeiramente exibicionista, ou seja, passei a ter um papel mais ativo e a procurar proporcionar essas situações em que pudesse ser vista”, revela, explicando que quando vai à praia escolhe “sempre posições que permitam a quem me observa, ver melhor o rabo ou o peito”.
“Passo várias vezes a mão nas coxas, na barriga ou no peito, de uma forma que eu acho que pode ser sugestiva. Quando me apercebo que está alguém perto a ver, sou capaz de ser ainda mais atrevida e ajeitar o biquíni de forma que se veja, momentaneamente, os mamilos”, partilha. “Gosto de me exibir, de sentir que estou a ser observada por estranhos enquanto me toco de uma forma mais ou menos sensual. Faz-me sentir desejada. Para mim, a excitação está aí”.
“Com o passar dos anos, esta vontade de ser observada foi sendo cada vez mais constante. Já não era uma questão de ser vista casualmente. Chegou uma altura em que me tornei verdadeiramente exibicionista, ou seja, passei a ter um papel mais ativo e a procurar proporcionar essas situações em que pudesse ser vista”
Tendo em conta que o verão só dura três meses e que os invernos tendem a ser rigorosos no Norte do País, Carla desenvolveu outras formas de explorar o seu lado exibicionista noutros contextos, como as idas ao supermercado. “Quando estou sozinha, gosto de estacionar num sítio mais resguardado do parque, mas que estrategicamente seja um local onde quem passa me consiga ver. Depois, demoro imenso tempo a pôr as compras no carro: fico de rabo empinado, a colocar lentamente cada artigo, enquanto os carros passam com os homens a olhar”, explica, acrescentando que, sempre que alguém se mete com ela diretamente nesta situação, finge “ficar surpreendida” e coloca rapidamente as compras no carro. “É uma mistura de excitação, com medo e vergonha. É uma sensação viciante”, diz a mulher.
“Na maior parte dos casos são situações inofensivas, como sair de casa à noite, passar numa uma bomba de gasolina para comprar cigarros e empinar o rabo enquanto sou atendida para quem está na fila poder ver melhor, especialmente se estiver de saia ou vestido”, conta à Kinks, revelando que nem sempre consegue perceber se as pessoas reparam ou não no que faz. “Às vezes, acho que só eu é que sei o que estou a fazer, mas ainda assim, excita-me muito”, destaca.
Carla também gosta de se exibir em áreas de serviço, normalmente na A28, quando vai a caminho de casa. Nestes casos a dinâmica é um pouco diferente: “estaciono ao pé de outros carros e fico sentada a tocar-me discretamente”, conta, revelando que “de vez em quando acontece aproximar-se alguém e olhar pela janela”. “Fico sempre muito nervosa, mas muito excitada também. Normalmente paro e finjo que estou a mexer no telemóvel, mas já houve duas ou três situações em que estava escuro e fiquei a masturbar-me de forma mais explícita para quem estava a ver à janela”, recorda.
“Na maior parte dos casos são situações inofensivas, como sair de casa à noite, passar numa uma bomba de gasolina para comprar cigarros e empinar o rabo enquanto sou atendida para quem está na fila poder ver melhor, especialmente se estiver de saia ou vestido”
Diz que sabe que “este tipo de situação não é muito segura para uma mulher sozinha”, daí a opção pelos parques dos supermercados ou áreas de serviço. “São zonas movimentadas, onde há sempre muita gente. Em caso de aflição, basta buzinar para chamar a atenção das outras pessoas”, releva Carla, partilhando que já apanhou alguns sustos. “Um homem, uma vez, tentou abrir a porta do meu carro. Foi assustador. Durante muito tempo não voltei ao mesmo sítio”, revela.
Em conversa com a Kinks, a mulher, que passa também várias horas por dia em chats online, garante que nunca se envolveu com nenhum dos homens que a observam, mas assegura que “essas situações levam depois a orgasmos do outro mundo”. “O sexo é sempre melhor nos dias em que tive um momento de exibicionismo”, assegura.
Apesar de já procurar estas situações há quase dez anos, Carla confessa que este seu fetiche é um “segredo” e que não partilha com ninguém, nem mesmo com o marido. “Ele não imagina e eu não seria capaz de lhe contar”, admite, apesar de garantir que não vê “mal nenhum” no que faz. “Somos um casal tradicional, normal. Nunca fizemos nada assim louco”, assegura Carla, sublinhando que, apesar de já ter fantasiado com o marido em ir a um clube de swing, a fantasia nunca passou disso mesmo. “Não sei se seria capaz de ir”, diz à Kinks.