Há meio milhão de homens em Portugal com disfunção erétil. E são cada vez mais jovens

Os estudos realizados indicam que apenas um em cada seis procuram tratamento, sendo que 50% acabam por desistir.

Não é propriamente tema de conversa de café nem de debate à mesa do jantar. No entanto, a disfunção erétil – ou impotência sexual masculina – é um problema real para muitos portugueses. As estimativas mais recentes indicam que, em Portugal, a “incapacidade persistente ou recorrente para alcançar ou manter uma ereção suficiente para uma atividade sexual satisfatória” (de acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde) afeta cerca de 500 mil homens. Além disso, os estudos realizados indicam que apenas um em cada seis procuram tratamento, sendo que 50% dos homens acabam por desistir.

Catarina Lucas, psicóloga clínica e terapeuta de casal, que ajuda diariamente pessoas com este problema considera que os números podem ser ainda maiores, já que “muitos homens não são diagnosticados porque, simplesmente, não procuram ajuda”. A especialista revela à Kinks que, igualmente preocupante, é o número crescente de homens cada vez mais jovens que sofrem de disfunção erétil.

“Normalmente associa-se esta problemática a homens mais velhos, mas isto não inteiramente verdade. Não é um problema exclusivo das faixas etárias mais altas: cada vez temos vindo a assistir em homens mais jovens e as pessoas não têm esta perceção”, esclarece, sublinhando que, nas suas consultas, recebe “muitos homens jovens com este problema, na casa dos 30 anos”.

“Todos os homens passam por episódios de não conseguir uma ereção. Mas quando são esporádicas e ocasionais não são um indicador de nada”, afirma Catarina Lucas, recordando que “a pessoa pode estar só mais cansada ou mais stressada e isto atua como condicionante e conduz a uma falha na resposta sexual”. “Já quando acontece de forma continuada e recorrente, deve haver uma maior atenção”, alerta.

De acordo com a psicóloga, é raro a disfunção erétil ser o ponto de partida na relação com os seus pacientes. “Normalmente surge de uma forma encapotada. Muitas vezes vêm fazer terapia de casal e só depois é que esta temática é colocada ou, no caso de homens sozinhos, marcam consulta de psicologia e este não é logo o tema inicial da conversa, mas é dado a entender no decorrer da consulta”, explica.

Enquanto no caso dos homens mais velhos – com 60 ou mais anos – a disfunção erétil está, muitas vezes, associada a outras doenças e tem uma natureza física, no caso dos pacientes mais jovens as causas são, predominantemente, psicológicas.

Recordando que “as causas que provocam a disfunção erétil aos 60 anos não são, necessariamente, as mesmas que causam aos 30 anos”, Catarina Lucas sublinha que este é um problema com um impacto brutal na vida dos homens, sobretudo os mais jovens. “O estigma desta problemática num homem com 30 anos é muito maior, porque a ideia que existe é que não é suposto isto acontecer nestas idades”.

Segundo explica à Kinks esta especialista, enquanto no caso dos homens mais velhos – com 60 ou mais anos – a disfunção erétil está, muitas vezes, associada a outras doenças e tem uma natureza física, no caso dos pacientes mais jovens “as causas são, predominantemente, psicológicas”.

Nos casos em que a natureza da disfunção erétil é psicológica, o mais importante, refere, é detetar o problema precocemente e não deixar arrastar. “O arrastar do problema é a não resolução do problema. Quanto mais tempo passar, mais difícil é de reverter”.

“O ideal é enfrentar o problema quanto antes. Quanto mais eu falhar, mais vou acreditar que não vou conseguir”, defende Catarina Lucas, revelando que, “nas faixas mais jovens, há um bom prognóstico e, muitas vezes, possibilidade de reversão total do problema”.

É aqui que entram as companheiras, mulheres e namoradas que, segundo a terapeuta, têm um papel determinante no que diz respeito à evolução da temática no homem. “É muito importante evitar a crítica, a rejeição ou o gozar com a situação. Isso só vai piorar as coisas”, explica, frisando que o mais importante é “mostrar apoio, suporte e disponibilidade para ajudar a procurar soluções – nem seja só a marcar uma consulta”.

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