“Ninguém enriquece a publicar fotografias dos pés”. Os segredos de uma criadora de conteúdos para adultos
Tem uma conta no Instagram e outra no Patreon, onde os seus subscritores pagam para ver conteúdos ousados. Diz que quem paga a respeita mais e que é frequentemente assediada por seguidores do Instagram.
Sempre gostou de tirar fotografias ousadas. Há dois anos decidiu tornar público o seu lado mais exibicionista e criou uma conta de Instagram. Teve tanto sucesso que, rapidamente, saltou para o Patreon e começou a ganhar dinheiro com as suas publicações naquela plataforma. A Kinks falou com esta criadora de conteúdos digitais para adultos para perceber como tudo funciona. Garante que adora o que faz, mas avisa que ninguém deve esperar ganhar rios de dinheiro com este negócio.
“Tenho um lado muito exibicionista”, conta à Kinks esta criadora de conteúdos para adultos, de 27 anos, cuja identidade permanecerá – a seu pedido – anónima. “sempre gostei que o meu namorado me tirasse fotografias ousadas e houve uma altura em que achei que devia publicar essas fotografias no Instagram”, revela, explicando que sempre fez questão de esconder a sua verdadeira identidade em todas as plataformas em que publica os seus conteúdos.
“O sexo ainda é um tema tabu e fazer qualquer trabalho relacionado com esta área, por mais profissional e artístico que seja, ainda é muito mal visto e olhado de lado pelas pessoas”, lamenta à Kinks. Por isso, esta profissional da área da saúde diz que procura sempre separar “os dois mundos, o da criação de conteúdos e o da vida profissional e pessoal”.
As publicações na sua conta de Instagram chamaram a atenção de muitas pessoas. Pouco tempo depois de ter começado a postar as suas fotografias mais “amadoras”, revela que começou a ser contactada por vários fotógrafos profissionais que a desafiavam para ser modelo em sessões fotográficas eróticas. Atualmente, dedica-se quase exclusivamente a sessões fotográficas mais profissionais. “Atirei-me de cabeça e não me arrependo nada”, confessa, sublinhando que, ao longo do último ano e meio tem conhecido “pessoas incríveis, tanto fotógrafos como seguidores e subscritores”.
A transição do Instagram para o Patreon surgiu por questões mais práticas do que financeiras, conta. “Comecei a criar alguns conteúdos que envolviam alguma nudez e que o Instagram poderia começar a bloquear. Foi nessa altura que achei que o Patreon poderia ser uma boa plataforma para difundir esses conteúdos”, revela.
Nesta plataforma, à semelhança do que acontece, por exemplo, com o OnlyFans, para se ter acesso aos conteúdos, é preciso subscrever a conta de cada criadora. No seu caso específico, optou por disponibilizar três modalidades de subscrição: apoiante, super fã ou patrono.
“A primeira modalidade – que é a mais barata (2 euros por mês) – é para os subscritores que querem apoiar o meu trabalho”, explica. “Ali vão tendo oportunidade de ver o que vou fazendo nas sessões, não só com fotos, mas também com algum texto de enquadramento de cada sessão”, revela.
Já os super fãs (a subscrição desta modalidade custa 14 euros por mês) têm acesso a todo o portefólio desta criadora. Aqui incluem-se fotografias com nudez, vídeos de bastidores, e alguns detalhes extra do dia a dia da criadora.
Tem três modalidade diferentes de subscrição na sua conta, que vão dos 2 euros aos 48,5 euros por mês.
Por fim, os patronos (48,50 euros por mês) têm acesso a conteúdos personalizados. “Nesta modalidade, podem escolher o tema ou o local de uma sessão fotográfica. Podem, essencialmente, pedir o que querem ver – seja uma pose mais sensual, uma sessão fotográfica num sítio mais ousado ou mais público”, adianta, frisando que os patronos têm depois um “acesso exclusivo a todo esse material”.
“Falo com todos, mesmo todos os meus subscritores do Patreon”, revela à Kinks, sublinhando que está sempre aberta às sugestões que quem a segue faz. E diz que sente que são as pessoas que pagam para ver as suas fotos mais ousadas, que mais a respeitam. “Respeitam-me mais a mim e ao meu trabalho. Veem o que faço como algo profissional e respeitam isso. O feedback que tenho é muito bom”.
Um respeito que, lamenta, não sentir na sua conta de Instagram. “Sou muito assediada. Todos os dias tenho de lidar com pessoas que me abordam de formas muito inapropriadas. Infelizmente é a realidade, mas aprendi a lidar com isso”, conta à Kinks, sublinhando, contudo, que recebe também “muito carinho e incentivo de muitos seguidores”. “Gosto muito desse feedback”.
E não se pense que nestas questões relacionadas com a criação de conteúdos digitais para adultos é algo que se faça sem esforço. “A ideia que as pessoas têm que, qualquer mulher que crie uma conta no Patreon ou no OnlyFans, e tire fotografias aos pés todos os dias só tem de relaxar e começar a pensar na reforma é um bocado fantasiosa. Ninguém enriquece assim”, esclarece a criadora em conversa com a Kinks, recordando que, todos os dias passa, pelo menos, duas horas a tratar dos conteúdos e das suas comunidades – tanto no Instagram como no Patreon.
“Sou muito assediada. Todos os dias tenho de lidar com pessoas que me abordam de formas muito inapropriadas. Infelizmente é a realidade, mas aprendi a lidar com isso”
“Tento sempre fazer dois posts por semana e publico stories todos os dias, para que os meus seguidores e subscritores possam estar sempre atentos e manterem-se a par do que eu vou fazendo”, destaca, salientando que está constantemente à procura de ideias para novas sessões, poses e fotografias. “O objetivo é sempre melhorar. Gosto de ter um perfil clean, agradável aos olhos de quem entra pela primeira vez e que poderá começar a seguir e é para isso que trabalho”, diz.
A estas tarefas soma-se, claro, o trabalho nas sessões fotográficas. Aqui, explica, há sempre um trabalho conjunto de planeamento de cada sessão com o fotógrafo, para tentar adequar o que faz ao cenário em que está. “Às vezes tenho ideias que podem não funcionar num determinado espaço ou cenário e eles [fotógrafos] ajudam-me com as poses, com a escolha da lingerie”, revela à Kinks, exemplificando que, “se for para fazer uma sessão num quarto muito branco, por exemplo, não se usa lingerie branca porque, senão, depois não há o contraste e o resultado pode não ser tão bom”.
“Peço sempre ajuda aos fotógrafos com quem trabalho. Não gosto de impor as minhas ideias, peço sempre opiniões. E acho que saio sempre a ganhar com isso”, reforça, frisando que sempre trabalhou com fotógrafos muito criativos e que a ajudam a sair da sua “zona de conforto”.
Embora sublinhe que gosta muito de ser uma criadora de conteúdos digitais para adultos e não se veja a parar de o fazer, garante que esta atividade nunca deixará de ser apenas uma parte da sua vida: “sou uma criadora de conteúdos, mas este não é o meu trabalho”. “Eu nunca deixaria o meu trabalho para me dedicar a isto a tempo inteiro”, conclui.