O fotógrafo acidental que celebra a sensualidade feminina em imagens artísticas incríveis
Pedro Soares realiza sessões fotográficas eróticas e sensuais e é já um dos profissionais mais conceituados do País nesta área. À Kinks, assegura que tudo aconteceu devido a um feliz acaso.
Até 2020, Pedro Soares nunca tinha pegado numa máquina fotográfica. Foi o acaso e a vontade de ajudar a sua companheira da altura a criar conteúdos para o OnlyFans que o colocou a ver o mundo através de uma objetiva. Desde então, nunca mais parou. Atualmente, tem um estúdio onde realiza sessões fotográficas com mulheres que o procuram para deixar a roupa de lado e explorar todo o potencial artístico da sensualidade do corpo feminino.
“Não estudei fotografia, nunca estive ligado às artes, muito pelo contrário”, explica à Kinks o fotógrafo portuense, de 31 anos. Com uma carreira ligada ao marketing e à gestão, explica que nunca tinha tido contacto com fotografia até surgir a necessidade de ajudar a ex-companheira com os seus conteúdos. “Daí é que nasceu o gosto pela fotografia. Não achei que tivesse um talento especial. Foi algo que comecei a gostar, a começar a interessar-me em começar a aprender – tanto a fotografar, como a editar”, adianta. Foram alguns amigos, esses sim, com formação na área da fotografia, que acabaram por puxar por ele para “começar a criar mais conteúdo e a tirar mais fotos”.
A partir daí não parou mais. Depois da companheira, e incentivado pelos amigos, começou a falar com várias amigas e modelos, para experimentar fotografar outras pessoas e ver como se sentia no papel do homem da máquina fotográfica. “Nunca pensei que iria gostar de alguma coisa como eu gosto de fotografar, especialmente depois de ter encontrado isto por acaso”, admite.
Apesar de confessar que sempre gostou muito do “lado artístico do corpo feminino”, Pedro Soares revela à Kinks que fotografar modelos nuas com quem tinha pouca intimidade nem sempre foi uma tarefa fácil. “Era muito mais conservador na nudez que fotografava. Tinha mais receio de pedir coisas às modelos, tinha medo do que poderiam pensar sobre as minhas intenções – não sobre o trabalho. Demorei um pouco a desbloquear isso”, confidencia.
Foi com o seu melhor amigo, Manuel Lobo Guerra, também fotógrafo e que ajudava frequentemente o portuense nas suas sessões, que Pedro decidiu que devia dar à fotografia um papel mais definitivo na sua vida. “Comecei a pensar ‘e se?’. Será que isto pode dar alguma coisa, será que vamos chegar a algum lado?”, revela à Kinks.
“Tanto posso fazer nu artístico ou um nu mais explícito na rua ou em sítios públicos, como posso fazer em estúdio, mais Boudoir”
“Na altura eu só fotografava mulheres e ele só fotografava homens. Nós pensámos: vamos juntar-nos e vamos criar um estúdio, já que nos ajudamos nas sessões, e vamos começar a fazer outros projetos além do erótico”. Assim nasceu em, 2022, o Scandalsphere, o estúdio de fotografia no coração do Porto que é uma segunda casa para Pedro.
Aqui, o fotógrafo recebe as suas clientes e conduz as suas sessões, que podem ter vários formatos. Há sessões em colaboração com modelos que procuram Pedro com ideias já definidas do que querem e cujos “highlights” são depois partilhados no Instagram: “vêm ter comigo e dizem que gostavam de fazer isto ou aquilo e que querem que seja eu a fazer”.
Mas Pedro também está disponível para sessões privadas, abertas a qualquer pessoa que contacte o fotógrafo. “Neste caso, a cliente diz-me o que gostava de fazer, combinamos e eu vejo se me enquadro naquilo que ela quer fazer. Aqui fazemos a sessão e as fotografias ficam apenas com a pessoa que pagou a sessão”. À Kinks, Pedro explica que várias clientes chegam até si influenciadas por pessoas que lhes são próximas, normalmente pelos maridos, mas também já aconteceu serem os filhos a incentivar as mães a realizar estas sessões. “Muitos maridos incentivam as mulheres a vir fazer sessões porque acharam que isso lhes pode fazer bem à autoestima”.
Atualmente, a maioria das clientes que procura os serviços de Pedro Soares para sessões privadas são mulheres com mais de 40 anos. “Muitas acabaram de se divorciar, ou nunca puderam fazer nada deste género porque são de outro tempo, mas nos seus trabalhos começam a ter contacto com pessoas mais novas e começam a achar interessante a ideia”.
Uma sessão com Pedro Soares demora, normalmente, duas ou três horas. Ainda antes de tirar qualquer peça de roupa, a cliente tem uma conversa com o fotógrafo, em que este explica, passo a passo, o que devem esperar da sessão fotográfica, “até porque vai sempre haver desconforto em ficar nu ao pé de uma pessoa que se conheceu há 5 minutos”.
“Muitos maridos incentivam as mulheres a vir fazer sessões porque acharam que isso lhes pode fazer bem à autoestima”
“Estamos a falar de pessoas que nunca foram fotografadas antes neste registo, por isso tento sempre que a pessoa esteja o mais confortável possível”, sublinha, frisando que uma das preocupações que tem antes de começar a fotografar é conhecer os limites de cada cliente. “Há muitas mulheres que não querem tirar as cuecas, ou não se importam de estar nuas, mas não querem mostrar nada, querem um nu mais tapado com outras partes do corpo. Isso são tudo temas que fazem parte da conversa antes da sessão”, adianta.
“Normalmente começo a fotografar com a pessoa ainda com roupa, a fazer alguns retratos, permitindo que a pessoa vá tirando a roupa para se sentir à vontade despida” explica o fotógrafo, recordando que “os receios e o desconforto são normais”. Outra das suas armas para quebrar o gelo é o humor que, diz, ajuda a que as pessoas fiquem mais confortáveis com “aquele momento que é uma nova experiência”.
“O feedback que eu tenho é que as pessoas se sentem muito à vontade comigo porque eu não estou a olhar para elas como se estivesse atraído pela pessoa”, conta à Kinks, revelando que já houve situações em que se sentiu mais constrangido do que a própria cliente.
Como artista, Pedro Soares procura diversificar ao máximo o tipo de fotografias que tira. “Tanto posso fazer nu artístico ou um nu mais explícito na rua ou em sítios públicos, como posso fazer em estúdio, mais Boudoir. Varia muito do que eu tenho na cabeça e do tipo de pessoa que eu tenho para trabalhar”.
Apesar de já ter fotografado em vários locais públicos, como é o caso da Ponte D. Luís, no Porto, Pedro Soares tem ainda na cabeça vários spots onde gostaria de organizar sessões – apesar de reconhecer que é mais difícil encontrar modelos para este tipo de registo. “Gostava imenso de fazer na Avenida dos Aliados, dentro de um autocarro. Também gostava de fazer na Rua de Santa Catarina, mais na baixa do Porto”, confessa à Kinks, admitindo a dificuldade destes trabalhos, até porque, graceja, não quer “ir preso”.
No final de 2023, pegou nas suas fotografias favoritas e juntou-as num livro. “Skin Deep” é um dos grandes orgulhos da, ainda curta, carreira de Pedro Soares: “foi um fechar de um capítulo, juntar muitas fotos que a mim me diziam muita coisa, deitar um pouco da minha cabeça no livro e tentar que as pessoas percebam como é que eu sou”. “Tem uma mistura de fotografia mais normal e coisas mais pesadas. Eu gosto dessa mistura, para mim foi muito importante lançar este livro”, conclui.