Os 7 mitos mais comuns que ainda há sobre os casais swingers (e que têm de acabar)
Em conversa com a Kinks, dois casais identificaram os erros de julgamento que a maioria das pessoas que está fora do meio comete. Descubra quais são e por que razão não fazem sentido.
Por mais que se considere que o swing é uma atividade que, de alguma forma, está normalizada na nossa sociedade, a verdade é que ainda há demasiadas ideias erradas sobre os swingers. Que o digam Daniela e André, um casal que adotou um estilo de vida liberal há cerca de três anos e que diz à Kinks que evitam falar sobre a sua vida íntima com pessoas fora do meio.
“As pessoas julgam-nos imenso. Até podem fingir que não o fazem, mas acabam sempre por deixar perceber que nos estão a julgar”, afirma Daniela, de 37 anos, salientando que a maioria das pessoas tem “um profundo desconhecimento sobre o que significa ser realmente swinger”. “Muitos têm inveja da forma como escolhemos viver a nossa relação e a nossa sexualidade e, por isso, acabam por projetar uma imagem dos swingers que é negativa. Outros são só ignorantes”, completa André, de 43 anos.
O casal não está sozinho nas queixas: “quem nunca entrou num clube ou nunca esteve numa festa de swing, não sabe do que fala, mas isso não os impede de emitir opiniões ou formar julgamentos errados que acabam depois por perpetuar vários mitos sobre a comunidade swinger”, lamenta Sofia, de 46 anos. Tal como Sofia, também Jorge, o seu parceiro de mais de uma década, tem uma visão crítica daquilo a que chama “comunidade baunilha”.
“Muitos têm inveja da forma como escolhemos viver a nossa relação e a nossa sexualidade e, por isso, acabam por projetar uma imagem dos swingers que é negativa. Outros são só ignorantes”
“Nós não fazemos publicidade de nada, mas também não nos escondemos. Se alguém nos pergunta diretamente se temos um estilo de vida liberal, dizemos a verdade sem a menor preocupação. O problema é que isso é sempre um momento que marca algum tipo de viragem na forma como as pessoas nos veem”, lamenta o homem, de 47 anos. “Ou acham que somos promíscuos, que não temos filtro e que só queremos andar a ter sexo com outras pessoas; ou então acham que o nosso relacionamento está por um fio e que isto [o swing] é a única coisa que nos mantém juntos”, afirma.
Em conversa com a Kinks, os dois casais identificaram os sete mitos mais comuns que ainda existem sobre os casais swingers e que, dizem, “precisam de ser desconstruídos para acabar de vez com os preconceitos”. Veja quais são:
Os casais swingers só pensam em sexo
Para muitos, a ideia de ser swinger está associada a uma obsessão com o sexo, como se fosse o principal ou único interesse na vida de quem pratica. No entanto, para a maioria dos casais, o swing é um complemento e não o foco das suas vidas. Daniela explica: “Somos um casal normal, com rotinas iguais às de qualquer outro. O swing é algo que fazemos quando ambos estamos com vontade e em total sintonia.” André tem uma visão semelhante: “Temos muitos amigos swingers com quem saímos e socializamos, e nem todos os encontros são sexuais. O swing não é só sexo, mas também uma partilha de ideias e experiências.”
Os casais swingers são todos iguais e gostam todos do mesmo
“Acreditar nisto é um erro. É como assumir que todas as pessoas gostam de espinafres”, brinca Jorge, salientando que “as dinâmicas variam muito de casal para casal. O que para nós é bom e prazeroso pode estar além dos limites de outro casal”. Em conversa com a Kinks, ficou claro que Daniela e André têm, entre si, regras bem definidas sobre quem pode fazer o quê e com quem, enquanto Sofia e Jorge têm uma abordagem mais flexível e aberta. “Cada casal tem as suas próprias preferências e limites”, explica Sofia. “É isso que torna o swing interessante: não existe um modelo único. Cada casal explora à sua maneira”, defende.
“Uma das razões por que não dizemos que somos liberais à maior parte das pessoas é porque depois ficam a achar que é tudo fácil e que eu estou sempre disponível para interações sexuais, inclusivamente sem a presença do meu marido. E isso é nojento.”
Os swingers são promíscuos e têm comportamentos de risco
Outro preconceito recorrente é associar o swing a promiscuidade e comportamentos de risco. Porém, os casais swingers são, em geral, extremamente cuidadosos com a sua saúde, como salientam os casais consultados pela Kinks. “A nossa segurança é essencial”, sublinha Daniela. “Nunca descuramos o uso de proteção, e escolhemos sempre ambientes onde nos sentimos confortáveis e seguros”, frisando que “quem é swinger sabe que este é um meio que se rege por normas muito claras de higiene e proteção”. “Não há um clube, um espaço liberal onde não haja a preocupação de haver sempre preservativos à disposição”, reforça André, que diz que “as regras no swing até costumam ser bem mais rígidas do que nas chamadas relações convencionais, onde é mais ‘normal’ facilitar quando o tema é proteção”.
O swing é uma forma de salvar relações
“Esta é daquelas afirmações que são típicas de quem não faz a mínima ideia do que é o swing”, indigna-se Sofia. “Entrar no swing quando a relação não é sólida ou está a atravessar problemas tem, garantidamente, o efeito contrário: é a receita perfeita para terminar a relação, com a agravante de, pelo meio, acabarem por incomodar outras pessoas que são bem resolvidas e estão no meio e que passam bem sem esse tipo de dramas”, garante. “O swing não é uma solução para problemas”, diz Daniela, recordando que só decidiu explorar este meio com André “porque já estávamos seguros da nossa relação e queríamos partilhar novas experiências. Nunca foi uma ‘terapia’”. “Para que o swing funcione, a comunicação e a confiança devem estar bem estabelecidas – coisas que normalmente faltam num casal em crise”, salienta Sofia.
Os swingers não sentem ciúmes
À Kinks, ambos os casais sublinham que esta é uma afirmação que está longe de ser verdade. “Claro que há ciúmes. É um sentimento natural e, até certo ponto saudável, porque é a prova que gostamos muito do outro”, afirma Jorge, destacando, contudo, que a diferença está na forma como este sentimento é abordado. “Eu e a Sofia falamos sempre abertamente sobre o que sentimos, e garantimos que ambos estamos a gostar e confortáveis com a experiência”. Um argumento que merece a concordância de André: “no meio swinger, o ciúme é muitas vezes abordado de forma franca e madura, o que, na minha opinião, contribui para que possamos ter relações mais abertas e seguras”.
As pessoas que são swingers são fáceis de engatar
“Uma das razões por que não dizemos que somos liberais à maior parte das pessoas é porque depois ficam a achar que é tudo fácil e que eu estou sempre disponível para interações sexuais, inclusivamente sem a presença do meu marido”, confessa Daniela, que diz já ter perdido conta às vezes que outros homens tentam entrar em contacto consigo nas redes sociais depois de perceberem que segue contas e pessoas associadas ao mundo do swing. “Pensam assim: ‘eles estão sempre com outras pessoas, basta convidar que ela aceita’. Isso é uma coisa nojenta”, lamenta a mulher. Para Jorge, o mais importante é que as pessoas percebam que “os swingers são exigentes e, muitas vezes, mais seletivos do que muitas pessoas imaginam. As interações são sempre consensuais e baseadas num respeito profundo”.
Toda a gente pode ser swinger de um dia para o outro
O swing exige um processo gradual de adaptação, autoconhecimento e de diálogo. “Não é algo que se decide e pratica sem uma conversa aberta e regras bem definidas. E isso leva tempo”, diz Sofia, lembrando que demorou “mais de um ano a passar das primeiras conversas com o Jorge sobre o tema para uma experiência real com outro casal”. “É um processo de descoberta, com muitos receios, com muita aprendizagem. E como eu disse, isso pode levar muito tempo. E mesmo assim, não quer dizer que funcione. Connosco funcionou, mas há várias pessoas que conhecemos para quem não funciona, e está tudo bem. O importante é que as pessoas sejam felizes e não julguem os outros pela sua balança moral”.