Sente que o seu desejo diminuiu nos últimos dias? A culpa pode ser da mudança de hora

A entrada no horário de inverno afeta as nossas vidas mais do que imaginamos. É frequente desencadear uma condição conhecida como Perturbação Afetiva Sazonal que, entre outras coisas, afeta o desejo e a libido.

Sente que anda mais cansado, com mais sono, sem paciência para nada, incluindo para o sexo? Pode não se ter apercebido, mas todas estas alterações de humor podem estar relacionadas com um pequeno detalhe: a mudança para o horário de inverno, que aconteceu no domingo, dia 27 de outubro, quando os relógios atrasaram uma hora. Esta condição já foi amplamente estudada pelos cientistas e até tem um nome: Perturbação Afetiva Sazonal (PAS).

Mesmo que não pareça ter um impacto muito grande nas nossas vidas, a mudança de hora obriga o nosso corpo a fazer um esforço enorme para adaptar-se a várias alterações súbitas. De acordo com os estudos realizados, o impacto do horário de inverno no ritmo biológico é particularmente sentido nas regiões onde o número de horas de sol reduz substancialmente – como é o caso de Portugal –, devido ao aumento do número de horas de escuridão.

A PAS, também conhecida como depressão sazonal, foi descrita pela primeira vez na década de 1980, pelo psiquiatra Norman Rosenthal, que notou um padrão cíclico de sintomas depressivos durante os meses mais frios do ano. Afetando até cerca de 20% da população, a PAS é uma condição psicológica em que os níveis de energia e de humor caem drasticamente com a redução da luz natural. Os sintomas incluem tristeza, fadiga, irritabilidade, aumento do apetite, e, em muitos casos, perda de libido.

Isto acontece porque a depressão sazonal está ligada à produção de duas hormonas essenciais: a serotonina, que regula o humor, e a melatonina, que regula o sono. Com menos luz solar, a produção de serotonina diminui, enquanto a melatonina aumenta, levando a uma maior sensação de fadiga e a uma menor disposição para atividades de lazer e intimidade.

A alteração para o horário de inverno, com dias mais curtos e menos exposição solar, desestabiliza o ritmo circadiano, o relógio biológico do corpo, que precisa de tempo para se reajustar. Segundo a American Psychological Association, esta adaptação pode levar vários dias, período durante o qual os níveis de serotonina, um importante neurotransmissor para o bem-estar, tendem a descer ainda mais, diminuindo o desejo sexual e a energia física.

Um estudo da Universidade de Copenhaga destacou a importância da serotonina nos meses de inverno, revelando que as pessoas que sofrem de PAS mostram uma redução até 20% do interesse em atividades sexuais em comparação com o resto do ano. Já o American Journal of Psychiatry também relaciona a PAS com um aumento de cortisol, a hormona do stress, o que contribui para o cansaço e reduz ainda mais a motivação sexual.

Apesar de uma das soluções para esta condição passem por deixar o nosso corpo adaptar-se a estas alterações, há vários conselhos que os especialistas dão para ajudar a mitigar os efeitos da PAS e que, passam sobretudo, por aumentar a exposição à luz solar. Entre estas dicas, os especialistas defendem que se deve procurar fazer passeios ao ar livre, já que estes permitem ter maior exposição solar e aumentar a temperatura corporal. Outros conselhos incluem abrir as janelas de casa para permitir que entre o máximo de luz natural, acordar mais cedo para que possa usufruir de mais tempo de luz natural e procurar trabalhar junto de janelas, para receber luz natural ao longo do dia.

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