“Sentimo-nos mais seguros e respeitados num clube de swing do que numa discoteca”
A Kinks falou com um casal que começou a frequentar o meio há pouco tempo. Contam como foram suas primeiras experiências, o que mais os surpreendeu e como o que já viveram mudou a forma como olham para o swing.
Foi há quatro anos que começaram a falar sobre a ideia de entrar no mundo do swing. Desde então, têm vindo a testar os vários formatos locais e maneiras diferentes que o mundo oferece aos novos casais para se relacionarem com outros. À Kinks dizem que este é um universo muito diferente do que esperavam, mas de uma forma positiva.
“Quem não está por dentro, tem uma imagem muito errada do swing. Há uma ideia criada pela sociedade que este é um meio de ‘feios, porcos e maus’, de gente rebarbada. Mas a nossa experiência revela exatamente o oposto”, admite o casal cuja entrada no meio começou “por causa de um sonho” de um dos elementos e que envolvia sexo com outras pessoas. “A ideia inicial era estar com uma single feminina, mas sempre tivemos uma grande abertura para tudo”, revelam.
Depois deste “sonho”, falaram abertamente sobre o tema. “Partilhámos o que sentíamos acerca disso e percebemos logo que estávamos muito alinhados. A conversa entre nós fluiu muito naturalmente e percebemos que ambos tínhamos muito interesse e curiosidade sobre este meio. A partir daí evoluiu naturalmente”, conta o casal à Kinks, referindo que, nos meses que se seguiram à primeira conversa, dedicaram-se a recolher o máximo de informação possível sobre o mundo do swing.
As primeiras experiências, contam, aconteceram num “registo mais soft”. “A ideia de nos atirarmos de cabeça e irmos para um clube, na altura, era uma coisa que nos deixava bastante nervosos”, confessam, esclarecendo que, depois de terem criado uma conta de Instagram e de terem estabelecido alguns contactos, começaram a “organizar uns jantares a quatro, em casa, de uma forma mais recatada”. “Isso permite depois introduzir uns jogos, e ajuda a que as coisas aconteçam”, explicam.
“Quem não está por dentro, tem uma imagem muito errada do swing. Há uma ideia criada pela sociedade que este é um meio de ‘feios, porcos e maus’, de gente rebarbada. Mas a nossa experiência revela exatamente o oposto”.
As experiências caseiras deram-lhes uma confiança adicional. Isto apesar de nem todas terem corrido com a perfeição desejada: “por exemplo, estivemos com um casal que era ‘virgem’ como nós e, quando chegou o momento, ela [o elemento feminino do outro casal] disse que não se sentia confortável. Explicou-nos que estava a dar uma oportunidade porque o namorado queria muito, mas não conseguiu”, revelam à Kinks, sublinhando que “o que um não quer, quatro não fazem” e destacando que procuram sempre evitar este tipo de situações.
“Somos pouco complicados e estamos bem resolvidos. Sentimos que essa imagem passa quando conhecemos as pessoas”, conta o casal, garantindo que, acima de tudo, gostam mesmo é de “estar com pessoas”. “Gostamos de conhecer, de conversar e de absorver as experiências que partilham connosco”, adiantam, sublinhando que esta forma de estar leva a que, muitas vezes as pessoas com quem se cruzam achem que têm muito mais experiência no meio do que realmente têm. “Acho que tem que ver com a nossa forma de estar”.
Apesar do nervosismo – que ainda hoje confessam que sentem – acabaram por se aventurar em clubes. “A nossa primeira vez foi no X Clube”, recordam, lembrando que, apesar de terem tido uma entrada mais atribulada, acabou por correr tudo muito bem. “Tínhamos uma ideia diferente e fui super arrojada, só de lingerie. Só quando chegamos e começaram a fazer-nos o ‘tour’ pelo espaço é que me apercebi que as outras pessoas estavam vestidas e a reparar em nós”, recordam, divertidos. Ultrapassado este embaraço inicial, tudo correu muito bem. “Foi lá que tivemos a nossa primeira experiência swinger de verdade. E foi ótima”, revelam.
Depois do X, estiveram em vários outros clubes, como O Templo. Atualmente, quase quatro anos depois da primeira conversa sobre o tema, e depois de tudo o que já viveram juntos, assumem que as expetativas que tinham acerca do meio estavam muito longe da realidade. “É um mundo mais aberto e com muito menos tabus do que imaginávamos. Há muito mais gente do que as pessoas de fora sonham”, sublinham, destacando que já se cruzaram com todo o tipo de casais. “Desde a vizinha do lado ao gestor do banco, há muito mais pessoas no meio”, assinalam, destacando que chegaram a cruzar-se com pessoas que conheciam fora do meio, mas que lidaram “sempre muito bem com isso”. “Não publicitamos o que fazemos, mas também não nos escondemos”, frisam.
Da experiência que já tiveram nos vários clubes que visitaram, retiram a sensação de respeito, segurança e confiança que se sente nestes ambientes. “Sentimo-nos mais seguros e respeitados num clube de swing do que numa discoteca”, asseguram, embora confessem que gostariam que o ambiente fosse um pouco “mais sedutor, com música mais baixa, algo um pouco mais propício para conversar”.
Neste seu percurso, também tiveram várias experiências em Apps swingers. “Estivemos no Feeld e temos conta no Fiesters”, conta o casal, que mantém o Instagram como principal meio de comunicação com outros casais.
“É um mundo mais aberto e com muito menos tabus do que imaginávamos. Há muito mais gente do que as pessoas de fora sonham, pessoas de todos os tipos, desde a vizinha do lado ao gestor do banco”.
Embora garantam que se dão bem com todos os casais, confessam que há situações que os fazem distanciar-se. “Faz-nos muita confusão os casais que têm listas infindáveis de regras: elas só beijam elas, só se pode mexer assim e assado… Isso é demais para nós”, afirmam, frisando que o swing é algo que “é suposto ser natural e fluído”. “Respeitamos, mas não conseguimos estar à vontade se temos de cumprir imensas regras”.
Em conversa com a Kinks contam que também já experimentaram saunas mistas, mas apenas nas noites dedicadas exclusivamente a casais. “Não nos sentimos, pelo menos para já, confortáveis com a ideia de singles masculinos. Não pela sua presença – até porque já tivemos experiências com singles masculinos e foi ótimo –, mas pelo receio de que haja um comportamento menos correto dos singles”, confessam.
É aos homens que atribuem a culpa do que corre menos bem no meio: “para correr tudo bem, o casal tem de estar muito bem resolvido. E o homem e a mulher bem consigo próprios. Se não, as coisas não fluem”.
Curiosamente, ainda não realizaram a fantasia de estar com uma single feminina e que os levou a dar os primeiros passos no swing, mas não se mostram preocupados. “Já esteve para acontecer várias vezes, mas depois não se proporcionou. Um dia há-de acontecer”, dizem, em tom de brincadeira.