Strap-ons, dildos e família real britânica. Temos de falar sobre pegging

Se não sabe o que é, não se preocupe. Contamos-lhe tudo o que deve saber sobre o fetiche que já chegou ao Palácio de Buckingham onde, alegadamente, vive o “príncipe do pegging”.

O tema explodiu em 2022 com um simples post no Instagram de uma conta de página de rumores sobre celebridades acerca de um suposto caso extraconjugal no seio da família real britânica. “Numa festa recente, disseram-me que a verdadeira razão para o caso era o apetite do membro da família real por pegging, algo que a sua mulher, que é demasiado conservadora, se recusa a fazer”, lia-se no post de DeuxMoi que viralizou imediatamente.

A publicação explicava ainda que “a esposa não se importa com isso, mas prefere que o marido satisfaça as suas preferências sexuais com outras pessoas, desde que as coisas não se tornem emocionais, como foi o caso com a última mulher”. A quem seguia os amores e desamores da família real bastou juntar as peças do puzzle (na altura havia fortes rumores de problemas no casamento do príncipe William e Kate Middleton causados, alegadamente, por um caso extraconjugal) para se começar a especular com grande certeza de que o tal “membro da família real” seria o príncipe de Gales.

Em poucas horas, pegging passou a ser um termo conhecido por milhões de pessoas que nunca tinham ouvido falar no tema. O hashtag #princeofpegging saltou rapidamente para os tópicos mais abordados no X – na altura ainda era Twitter – e as pesquisas no Google sobre este kink dispararam 400% em apenas algumas horas.

E não ficou por aí: segundo os dados do PornHub Insights, o site de estatísticas da maior plataforma de porno online do mundo, as pesquisas com o termo “strap-on” cresceram 98%, só entre os utilizadores do Reino Unido.

Mas, afinal, o que é o pegging? Em poucas palavras, pegging é uma prática em que a mulher penetra o seu parceiro – normalmente um homem heterossexual – com recurso a um strap-on (ou arnês) equipado com um dildo ou outro brinquedo sexual.

E se está a perguntar-se se este é um fetiche novo, a resposta é simples: não, muito longe disso. Há ilustrações e gravuras relacionadas com esta prática que remontam ao império romano e antes disso mesmo, na cultura indiana que deu ao mundo o Kama Sutra.

Já o termo, é bem mais recente e surgiu pela mão de um cronista de sexo norte-americano. Em 2001, Dan savage perguntava aos leitores do seu espaço de opinião: “Que termo, a partir de hoje, será aceite para designar o ato de uma mulher penetrar o seu homem com um strap-on?”. Os seus leitores responderam: pegging.

Como antecipou Savage, a expressão colou e entrou para o calão sexual. Atualmente está completamente democratizada – escândalos reais à parte – e até já chegou a Hollywood. Quem não se lembra da cena do “feliz Dia Internacional da Mulher” com Ryan Reynolds em “DeadPool”?

Nos últimos anos, a evolução do pegging e a sua maior visibilidade em pesquisas e sondagens mostra que existe uma maior abertura para a descoberta e exploração deste fetiche.

Claro que esta não será uma prática que agrade a todos os homens, mas a verdade é que um inquérito realizado pela LELO, a empresa sueca líder mundial da indústria de brinquedos sexuais, revelou que cerca de 16% dos homens já experimentaram pegging e gostaram. Também entre os membros da comunidade BDSM e Kink este é um fetiche cada vez mais comum: os resultados de um questionário publicados pela Kinkly revelaram que cerca de 20% dos inquiridos indicaram já ter praticado pegging. Também o PornHub revela, nas suas estatísticas anuais, que a pesquisa por vídeos relacionados com pegging tem vindo a crescer a um ritmo de 45% ao ano.

A razão para esta popularidade crescente tem explicações diferentes para ambos os sexos. Por um lado, mulheres querem experimentar para sentirem como é ter um pénis. Já os homens, veem no pegging uma forma de obter orgasmos mais fortes, já que a próstata é o seu ponto G e estimulá-la com recurso a penetração permite experienciar sensações únicas.

Se ainda está a ler este artigo, é porque a sua curiosidade sobre o tema é elevada. Por isso, e se está a pensar em experimentar, deixamos algumas dicas para a primeira vez.

Como tudo o que envolve penetração anal, não é algo que possa acontecer sem preparação. Pode não ser boa ideia surpreender o seu parceiro com toda a parafernália pronta a usar. O ideal é falar sobre o tema antes e garantir que toda a gente está aberta – ou disponível para se abrir – a experimentar.

Se é um principiante, antes de passar à penetração propriamente dita, deve optar antes por alguns jogos sexuais anais para habituar o ânus à penetração. Pode ainda comprar kit de pegging para iniciantes, que inclui dildos de vários tamanhos e maliabilidades e um strap-on. A oferta é muito grande, tanto nas sexshops como em plataformas online.

A mulher pode optar por, simplesmente, segurar o dildo com a mão, mas um arnês torna tudo mais fácil e ainda deixa as mãos ficam livres para estimular outras partes. Depois, tudo é uma questão de sensibilidade e tentativa e erro. O mais importante é que não se esqueça da importância da comunicação. E do lubrificante, claro.

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