Teremos sempre o X Clube
O X não precisa de nenhum tipo de enquadramento, de apresentação ou rótulo. Já faz parte da nossa cultura. É um clássico, com a vantagem de estar constantemente a reinventar-se.
“We’ll always have Paris”. A frase proferida por Humphrey Bogart é, indiscutivelmente, uma das citações mais famosas da história de Hollywood. Mesmo quem nunca tenha visto o fenomenal “Casablanca” conhece o seu significado. É esta e outras grandes citações – como “play it again, Sam” ou “here’s looking at you, kid” – que fazem de Casablanca um clássico: a capacidade de transcender a sua própria história e entrar, definitivamente, para a cultura geral. Foi exatamente isto que aconteceu ao X Clube.
A maior prova disso é que ninguém diz que vai ao X Clube. Toda a gente deixa cair a parte do Clube e fica-se pelo X. Porque o X não precisa de nenhum tipo de enquadramento, de apresentação ou rótulo. Já faz parte da nossa cultura. Nos muitos anos como liberais, nas milhares de conversas com centenas de casais e singles com quem nos temos cruzado neste nosso percurso, nunca encontrámos ninguém do meio que não tivesse ouvido falar do X. Ir ao X é um marco, uma espécie de conquista na vida de cada casal swinger em Portugal. Quase como um selo de garantia swinger. Mesmo quem nunca lá foi, sabe o que é o X. Ou acha que sabe o que é o X. Para muitos, na sua maioria curiosos do meio, saber o que se passa no X gera uma curiosidade tão grande como descobrir o que está na mala com luz dourada de “Pulp Fiction”. Porque, tal como os grandes filmes, o X é um clássico.
Não nos interpretem mal: ser clássico não significa estar parado no tempo. Não é algo que se reveja uma vez por ano num zapping de sábado à noite. O X é muito mais do que isso. É a prova viva de como um clube se pode ajustar às mudanças do mundo do swing, e todas as semanas mostrar que está ao nível dos novos ritmos e vontades das pessoas que, cada vez mais, entram no Lifestyle (e ainda bem!).
Se nos permitem, vamos agora ter um momento “velho do restelo”. É que nós, ainda somos do tempo do velhinho X. Aquele que ficava em Algés. O sítio das grandes festas ao sábado e das conversas picantes e descontraídas de sexta-feira. The Place To Be.
Ir ao X é um marco, uma espécie de conquista na vida de cada casal swinger em Portugal. Mesmo quem nunca lá foi, sabe o que é o X. Ou acha que sabe o que é o X.
Curiosamente, apesar de ser o espaço do género que ficava mais perto da nossa casa, o X não foi o primeiro – nem sequer o segundo – clube que conhecemos na nossa caminhada pelo mundo do swing. Mas foi um caso sério de amor à primeira vista. Para nós era o espelho perfeito do que, na nossa cabeça, deveria ser um espaço para swingers: diversão, respeito, segurança, liberdade total e a dose certa de loucura em cada noite. As caras eram familiares, as pessoas eram giras e o ambiente era fenomenal. Quem não se lembra das festas que acabavam com metade do clube a dançar em cima do bar?
Não vamos fingir que não ficámos tristes quando soubemos que o “nosso” X ia mudar de sítio. Afinal, aos poucos e sem que nos apercebêssemos, aquele espaço tinha-se tornado num clássico da nossa vida. Se puxarem por nós, temos uma situação ou uma história divertida para contar do que vivemos em cada canto e recanto do velhinho X. Além disso, e porque nestas coisas já nos vamos sentindo um bocadinho “velhos do Restelo”, na altura tivemos algum receio de não voltar a sentir-nos em casa no renovado X, agora com os aviões lá atrás.
O receio rapidamente se transformou em excitação. Se o espaço ia ser novo, queríamos acompanhar. E a verdade é que esta versão 2.0 do X não desapontou. De tal forma, que nossa primeira visita ao X no novo espaço podia ter sido filmado num longo e único plano ao estilo de Martin Scorcese, tal foi o impacto que causou em nós. O novo X tem toda a mística do velhinho X, mas com muito mais espaço e inovação. A melhor maneira de explicar isto sem cair nos clichés do costume é pensar naquelas cambalhotas dos 20 anos dentro de um carro. Sim, era ótimo deixar as janelas do velhinho Opel Corsa embaciadas, mas não se compara ao conforto de um BMW X5, com bancos aquecidos e a nossa playlist favorita a tocar via Bluetooth. No final, o resultado acaba por ser semelhante, mas a forma de lá chegar é bem mais confortável.
Com mais quartos privados, mais espaços temáticos, uma “cidade” ainda maior, labirintos que nos obrigam a usar palavras como “indulgência” para os descrever, um cinema fantástico e um quarto pensado especificamente para os mais exibicionistas, o X não foi só renovado: foi reinventado. E sempre sem esquecer aqueles pequenos detalhes que nos transportam todas as noites, em algum momento, de volta para o antigo espaço que agora ocupa apenas um local muito especial no nosso coração liberal.
Além de todas estas novidades, o “novo” X trouxe uma atmosfera mais internacional ao clube. Sabemos que, hoje, muitos dos casais swingers que visitam o nosso País fazem questão de ir conhecer o clube. E isto é fantástico, porque nos permite ter conversas e outras interações muito, mas mesmo muito, digamos, enriquecedoras.
Tudo isto faz com que, cada vez que pomos os pés no X, nos sintamos como a Dorothy de “O Feiticeiro de Oz”, a bater os calcanhares e a dizer baixinho: “there’s no place like home”. Sim, o X ainda é o nosso Place To Be. E, se na maior parte das vezes, este é um sentimento inconsciente, há momentos em que tudo parece parar e que nos levam a dizer: “é por isto que o X é a nossa casa”. A última vez que isto nos aconteceu foi na White SeXation, a festa que marcou o regresso dos eventos temáticos ao X, no passado dia 7 de setembro.
Ali, na pista, rodeados de dezenas de casais vestidos de branco, dançarinas, com a música a contagiar toda a gente e o bar novamente coberto por pessoas giras e divertidas, tivemos um desses momentos. Um flash que em milissegundos nos fez recordar quase 15 anos de festas e situações únicas que vivemos neste clube e que nos voltou a deixar de coração cheio, com a certeza de que estávamos em casa.
Atenção, porque isto não acontece por acaso. O X é muito mais do que um clube liberal ou de swing. É um espaço criado para as pessoas se divertirem, para se libertarem e para se sentirem especiais. Nada disso acontece sem um planeamento detalhado que se percebe bem que existe, mas que flui de uma forma tão natural que quase passa despercebido. Desde a forma como somos recebidos à entrada, passando pelo sorriso sincero e garantido de quem está do lado de lá do bar a preparar as bebidas, o ambiente – e até está presente no alinhamento do DJ que faz sempre questão de tocar uma ou outra música que, há muitos anos, fazem parte das tradições das noites do X.
O X é muito mais do que um clube liberal ou de swing. É um espaço criado para as pessoas se divertirem, para se libertarem e para se sentirem especiais. Nada disso acontece sem um planeamento detalhado que se percebe bem que existe, mas que flui de uma forma tão natural que quase passa despercebido.
Isto sente-se todos os sábados, mas é nas festas temáticas que atinge um nível estratosférico. Acreditem quando vos dizemos que ir ao X é mais terapêutico do que uma sessão com um psicólogo. Mais espiritual do que uma ida à missa. E mais excitante do que qualquer outra saída à noite (a boa notícia é a White SeXation foi só a primeira de muitas festas temáticas que já estão previstas no X até ao final do ano).
O Rick Blaine de Bogart em “Casablanca” tinha Paris. Nós teremos sempre o X.